Por Patricia Valle, em 05.08.2021

(Citywire) – Copom elevou a taxa básica de juros em um ponto percentual e indicou aumento da mesma magnitude para a próxima reunião

Na reunião da última quarta-feira (4), o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de juros em um ponto percentual para 5,25% ao ano, como já estipulava o mercado, e deixou claro em seu comunicado que antevê outro ajuste da mesma magnitude na próxima reunião em setembro.

O comunicado trouxe diversas preocupações em relação a contenção da inflação, que segundo a última pesquisa focus poderia terminar o ano em 6,8%. E afirmou que no cenário base “supõe trajetória de juros que se eleva para 7,00% a.a. neste ano, mantém-se nesse valor durante 2022 e reduz-se para 6,50% a.a. em 2023. E as projeções para a inflação de preços administrados são de 10,0% para 2021 e 4,6% para 2022 e 2023”.

Com a alta escala de juros ocorrendo após a mínima histórica de 2% ao ano, a Citywire Brasil perguntou a estrategistas e alocadores de grandes casas de wealth management como estão analisando as oportunidades de investimentos para os seus clientes diante desse cenário.

Confira nas próximas páginas suas visões sobre o momento.

Ronaldo Patah, estrategista-chefe da gestora de patrimônio UBS Consenso

Caio Mercadante, estrategista-chefe de Wealth Management do BNP Paribas Brasil

Rodrigo Eboli, Portfolio Manager da Brainvest

Eduardo Ventura, head do Citi Private Bank no Brasil

Fernando Fenolio, economista-chefe da WHG

Como vocês estão analisando o movimento de alta de juros que está sendo feito pelo BC?

O BCB está reagindo as pressões inflacionárias mais intensas do que ele próprio e o mercado imaginavam nessa fase do ciclo. Isso tem demandado uma reação mais dura da política monetária, o que significa elevar a taxa Selic para um patamar acima da taxa neutra (ao redor de 6,5%).

Isso tem mudado a alocação de investimento tática para os clientes neste ano?

Sim, aumentamos nossa exposição a taxas pré-fixadas nos níveis atuais. Nos parece haver bastante gordura na precificação atual, onde o mercado já estima uma taxa Selic perto de 9,5% para o começo de 2023. Da mesma forma, reduzimos nossa alocação de overweight em bolsa brasileira para neutro em meados de junho. O mercado já havia precificado a aceleração do PIB brasileiro em 2021 com a reabertura da economia e o cenário internacional também se mostrava mais desafiador. A perspectiva de alta da taxa de juros também torna a relação risco-retorno da bolsa um pouco menos interessante.

Alguma classe está com oportunidade de ganhos, ou não?

Títulos de Renda Fixa pré-fixados é a classe de ativos com melhor risco retorno hoje, dado os atuais níveis de precificação de taxa de juros.

Neste cenário de alta no que os alocadores precisam estar atentos?

Acredito que o cuidado que os alocadores têm que ter é no tamanho da elevação da Selic e efeito do aperto monetário às classes de ativos. Vemos oportunidade de ganho em excesso de prêmio em renda fixa prefixada e devemos tomar cuidado sobre o efeito do aperto monetário sobre o crescimento do PIB e por consequência no preço das ações.