Por Cícero Cotrim, em 01.09.2021

(Broadcast) – A contração de 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre é uma leitura negativa, mas não muda a avaliação sobre a atividade econômica brasileira, segundo o economista-chefe da Wealth High Governance (WHG), Fernando Fenolio.

O desempenho da atividade ficou abaixo da mediana da pesquisa do Projeções Broadcast, que indicava crescimento de 0,2% do PIB do segundo trimestre em relação ao primeiro. As estimativas iam de queda de 0,3% a expansão de 0,7%.

Fenolio aponta como destaque negativo do resultado a estabilidade (0,0%) do consumo das famílias, apesar da expansão de 0,7% do PIB de serviços pelo lado da oferta.

“Ainda precisamos olhar no detalhe, mas são dois trimestres fracos de consumo, o que surpreende um pouco”, diz o economista. “A venda e produção de veículos foi mal no segundo trimestre, talvez tenha pesado. Mas temos de investigar esse número.”

O processo de desestocagem também foi destaque negativo e retirou 1,8 ponto porcentual do PIB do trimestre, nos cálculos de Fenolio. Por outro lado, o economista cita a expansão de 9,4% das exportações na margem como destaque positivo.

“São dois grandes destaques, de exportações para cima e estoques para baixo, que estão inseridos na narrativa de problemas de oferta e de ruptura das cadeias de suprimentos”, avalia.

A WHG reduziu a sua projeção de crescimento do PIB de 2021 de 5,7% para 5,5%, apenas com base no efeito matemático da queda da economia no segundo trimestre. Por ora, Fenolio manteve a projeção de expansão de 1,2% da atividade no terceiro trimestre e de 0,8% no quarto, embora reconheça que há riscos à frente.

“Estamos construtivos para o terceiro trimestre na margem, muito pela questão da reabertura. Os números de mobilidade voltaram para a normalidade, e isso vai afetar positivamente o crescimento, será o auge trimestral”, explica.

No entanto, os problemas de escassez de matéria-prima com rupturas nas cadeias globais de suprimentos, a inflação elevada e a disseminação da variante delta são riscos para a atividade no quarto trimestre, afirma o economista.