São Paulo, 23/01/2024 – A economia brasileira deve ver bons indicadores ao longo do ano e quem vai se beneficiar disso entre os fundos de investimentos imobiliários (FIIs) são os do segmento de shoppings centers. “Vemos uma economia pujante, com revisões de PIB (Produto Interno Bruto) para cima”, afirma Lucas Simon, gestor de fundos imobiliários da Kinea Investimentos. “Aquele medo de juro alto impactando demais a economia já passou, não vemos grande queda da atividade econômica. Pensando em consumo, as métricas trazem bons dados, então o segmento de shoppings é um em que a gente aposta”, destaca.

Os FIIs de shoppings já foram o destaque da indústria em 2023, com performance positiva em 30,6%. O Ifix, índice de referência para o setor, teve resultado de 15,5% no mesmo período. Em relatório, a área de research de FIIs do BTG Pactual, aponta que o desempenho dos shoppings foi impulsionado pelo “aumento do volume de vendas, elevação da ocupação e por estratégias de reciclagem de portfólio”. Em suas projeções para 2024 no setor, a XP destacou os segmentos de shoppings, logística, varejo e lajes corporativas.

Na carteira recomendada de FIIs do Itaú BBA para janeiro, os analistas da casa substituíram um fundo de logística, o Vinci Logística, pelo XP Malls, afirmando que a decisão de aumentar a exposição em shoppings se deu porque o setor vem “apresentando números sólidos e endereçando seus principais problemas ao longo dos últimos meses”. O portfólio sugerido tem exposição total de 15% ao segmento, sendo metade no XP Malls e metade no HSI Malls.

Ao observar a relação entre preço das cotas dos fundos e do valor patrimonial dos imóveis, o desconto no segmento se fechou. O valor de mercado ficou 2,4% menor que o patrimonial, em média, enquanto os fundos “de tijolo” como um todo ficaram aquém, em 5,5%. Outro indicativo do momento bom dos FIIs de shoppings é que quatro grandes fundos – XP Malls, HSI Malls, Gazit Malls e Capitânia Malls – estão realizando novas emissões.

Para Marcio Rocha, sócio e gestor de investimentos imobiliários da WHG, os fundos de shoppings começam o ano em uma posição favorecida. “O segmento demonstrou, após três anos desafiadores, que é resiliente. Recentemente, vimos captações, além de boas oportunidades de aquisições de ativos. Com isso, a gente acredita que os fundos estão preparados para seguir aumentando os portfólios.”

Leonardo Garcia, analista do iTrix, também afirma estar confiante com os segmentos de shoppings, além de varejo e logística, por conta da inflação mais controlada, que traz melhores perspectivas econômicas. Ele diz ver o valor do imóvel e dos aluguéis subindo enquanto as cotas dos fundos ainda não acompanham, o que indica que há potencial valorização das cotas.

No fundo KFOF11, que possui cerca de R$ 450 milhões de patrimônio líquido (PL) e quase 20 mil cotistas, cerca de 70% da carteira está alocada em fundos de tijolo – que investem em imóveis físicos – e 30% em fundos de papel – que investem em títulos de dívida. Dentro da parcela em tijolo, os destaques são nos segmentos de shopping (23%), logística (15%) e escritórios (14%), conta Simon, da Kinea.

Demais segmentos

Outros fundos que se aproveitam do cenário de melhora econômica são os ligados ao varejo – em especial o varejo alimentício, “que vai estar sempre ali, com crise ou sem crise”, destaca Vinícius Araújo, especialista de Relações com Investidores da TRX Investimento. Na gestora, o carro-chefe é o fundo híbrido TRXF11, conhecido no mercado como “fundo de varejo”, pois grande parte de seus mais de 50 imóveis está nesse segmento – locados para inquilinos como Pão de Açúcar, Assaí, Leroy Merlin, Obramax, Grupo Mateus e Carrefour. O FII possui cerca de R$ 1,6 bilhão de PL e 126 mil cotistas.

“Logística vai muito bem, com baixíssima vacância. Não vemos grandes ofertas de novos galpões que podem aumentar a vacância de maneira relevante ou fazer baixar o preço”, afirma Simon. Ele diz ver alguns fundos “girando o portfólio”, o que pode trazer surpresas positivas em dividendos para os cotistas se o gestor fizer a venda dos ativos com lucro.

Simon destaca ainda o segmento de escritórios – mas com cautela. “Falam que os ativos estão com deságio, que vão ‘andar’ (valorizar), mas é preciso escolher bem”, afirma, acrescentando que o home office impacta os ativos “piores”. Para o gestor, o otimismo segue com imóveis em regiões prime, como Faria Lima, Vila Olímpia, Juscelino Kubitschek e Avenida Paulista, e até regiões secundárias, como Pinheiros e Dr. Chucri Zaidan. “Nos últimos anos os gestores deram descontos e carências, uma benesse para o mercado mais estressado. Vamos começar a ver um movimento de melhora agora”, diz Simon.

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